Em 2019, algo extraordinário aconteceu no universo dos eSports: uma equipe de IA chamada Five, desenvolvida pela OpenAI, derrotou a OG, a primeira equipe bicampeã mundial de Dota 2. O que parecia ficção científica tornou-se realidade — e o mais fascinante foi o que veio depois. Johan “N0tail” Sundstein, capitão da OG, revelou em entrevistas que a equipe não apenas perdeu para a máquina, mas aprendeu com ela. A IA descobriu estratégias que humanos, mesmo os melhores do mundo, não haviam imaginado.
Esse episódio não foi apenas um marco para os jogos eletrônicos; foi um alerta para o mundo dos negócios. Se uma IA pode ensinar campeões a jogar melhor, o que ela poderia fazer por empresas que buscam eficiência e inovação? A resposta, como veremos, vai muito além de simples automação.
A Revolução do Five: Como a OpenAI Dominou um Jogo Mais Complexo Que Xadrez
Dota 2 não é um jogo qualquer. Com regras dinâmicas, centenas de personagens com habilidades únicas e partidas em equipe de 5 contra 5, ele exige não apenas reflexos rápidos, mas tomadas de decisão estratégicas em tempo real. O Five foi criado usando reinforcement learning (RL), a mesma técnica que ensina IAs a jogar xadrez ou Super Mário. Mas havia uma diferença crucial: enquanto no xadrez a IA enfrenta um único oponente, no Dota 2, ela precisava coordenar cinco “agentes” independentes — cada um com objetivos específicos, mas alinhados a um propósito maior: a vitória.
O Segredo do Sucesso:
- Decomposição de problemas: A OpenAI dividiu o jogo em tarefas menores (como controle de território, combate em equipe e gestão de recursos).
- Priorização de objetivos: Algumas ações traziam recompensas imediatas (como eliminar um inimigo), enquanto outras eram estratégicas (como garantir recursos para o final da partida).
- Aprendizado contínuo: A IA jogou milhões de partidas contra si mesma, refinando estratégias a cada derrota ou vitória.
Lição para as Empresas: Assim como no Dota 2, processos organizacionais complexos podem ser otimizados com IA — mas apenas se forem bem estruturados. Automatizar um caos só gera um caos mais rápido.
Por Que a IA Falha nas Empresas (e Como Evitar Isso)
Nos últimos anos, empresas investiram bilhões em IA, mas muitas iniciativas fracassaram. Um estudo da Gartner estima que 85% dos projetos de IA entregam resultados abaixo do esperado. Os motivos?
Processos Não Mapeados: Antes de automatizar, é preciso entender como as coisas funcionam. Um banco que implementou um chatbot para atendimento ao cliente descobriu, tarde demais, que 40% das perguntas eram sobre um processo burocrático que nem deveria existir. Resultado: a IA só amplificou a frustração dos clientes.
Dados de Baixa Qualidade: IA é como um estagiário: se você alimentá-la com informações ruins, ela tomará decisões ruins. Uma rede varejista tentou usar IA para prever demanda, mas os dados históricos estavam cheios de erros. O sistema recomendou estoques absurdos, e lojas ficaram abarrotadas de produtos encalhados.
Falta de Preparo Humano: IA não substitui pessoas; exige que elas trabalhem de forma diferente. Uma indústria que implantou robôs em sua linha de produção não treinou os funcionários para supervisioná-los. Quando os robôs falhavam, ninguém sabia consertar — e a produtividade despencou.
Perguntas que toda empresa deve fazer antes de investir em IA
- Meus processos são claros e eficientes? (Se não, comece arrumando a casa.)
- Tenho dados confiáveis para treinar a IA? (Dados são o “combustível” da IA.)
- Meu time está pronto para colaborar com a IA? (Tecnologia sem adaptação humana é dinheiro jogado fora.)
O Futuro: IA Como Ferramenta de Aprendizado (Não Apenas Automação)
O maior legado do Five não foi vencer no Dota 2, mas mostrar que a IA pode ensinar humanos a serem melhores. Nas empresas, isso significa:
- Identificar gargalos: Uma IA pode analisar milhares de transações e apontar onde processos falham.
- Sugerir melhorias: Como o Five revelou estratégias inéditas, IAs empresariais podem propor formas mais eficientes de trabalhar.
- Adaptar-se continuamente: Assim como no RL, empresas devem recompensar o que funciona e ajustar o que não funciona.
IA Não É Mágica — É Ferramenta para Quem Sabe Usar
A revolução da IA não está em substituir humanos, mas em potencializá-los. Assim como a OG aprendeu com o Five, empresas que encaram a IA como parceira — e não como solução mágica — colherão resultados reais. O caminho é claro:
- Organize seus processos.
- Garanta dados de qualidade
- Prepare seu time.
Só então a IA deixará de ser um custo para se tornar um diferencial competitivo.
Chamada para Reflexão: Sua empresa está usando IA para tapar buracos ou para construir pontes? A resposta pode definir seu sucesso na próxima década.
Lições do Five para Empresas:
- Divida para conquistar: Problemas complexos devem ser quebrados em partes menores.
- Recompense o que funciona: IA aprende com acertos — e empresas também deveriam.
- Colabore, não compita: A IA mais poderosa é aquela que aprimora o trabalho humano.