Inovação Digital e Tecnologia na Centralidade do Cliente

Quer montar seu próprio agente AI? A OpenAI diz que “sim” em dois recentes comunicados

Com um kit open-source e demo pronto para uso, a OpenAI dá poder aos desenvolvedores para criar agentes autônomos de atendimento. Mas até que ponto essa abertura é real?

Nos últimos dois anos, muitos fornecedores de tecnologia promoveram uma corrida para obter o GPT como uma espécie de motor para as suas soluções tecnológicas. Ou seja, a empresa estava logo atrás dos fornecedores de software empresarial, tornando suas tecnologias muito mais acessíveis, para que os compradores de tecnologia não precisem investir em serviços separados.

No entanto, os últimos movimentos da companhia despontam como uma possível ameaça para as empresas que fornecem soluções tecnológicas. E o último foi no último dia 18.

Solução foi apresentada em março

A estratégia da OpenAI em oferecer às empresas a capacidade de criar seus próprios agentes de inteligência artificial, que são tecnologias que podem executar tarefas de forma independente em nome de humanos, foi apresentada em março deste ano. E causou alvoroço no mercado de tecnologia.

Na ocasião, a OpenAI anunciou o lançamento do Agents SDK, parte de um conjunto de ferramentas mais amplo – incluindo a Responses API (com recurso de busca na web, leitura de arquivos e automação via mouse/teclado) – voltado para simplificar a criação de agentes de IA empresariais. Nessa data, a ferramenta já estava disponível, mas focada majoritariamente em desenvolvimento via API; não havia um kit completo nem demonstrações específicas para contact centers.

No último dia 18, a grande novidade foi a disponibilização de um demo open‑source – um kit completo com front-end e um exemplo de agente de atendimento para companhias aéreas, liberado sob licença MIT (licença do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que permite que qualquer pessoa visualize, use, modifique, distribua e contribua para o código licenciado pelo MIT sob termos e condições específicos) e hospedado no Hugging Face – uma plataforma colaborativa que democratiza o acesso ao aprendizado de máquina e IA. Esse demo trazia um fluxo real com roteamento (por exemplo, reagendar assento ou cancelar voo) e guardrails integrados (como restrição de escopo e proteção contra “jailbreak”).

Atualmente, existem 3 milhões de usuários corporativos pagantes em seus produtos ChatGPT Business, que incluem as versões Enterprise, Team e Edu. Até outubro do ano passado eram aproximadamente 1 milhão de empresas.

Essa iniciativa faz parte da estratégia da OpenAI de se consolidar como uma fornecedora de soluções empresariais, disputando espaço com grandes nomes do setor. Segundo a empresa, companhias como Stripe e Box já estão usando a tecnologia para automatizar rotinas como emissão de notas, envio de documentos e atendimento 24h por dia. A expectativa do mercado é que, com essas soluções, o uso da IA em centrais de atendimento deixe de ser um experimento e passe a ser parte do dia a dia das empresas — com ganhos em agilidade, personalização e redução de custos.

E o que os desenvolvedores estão achando do kit?

Em alguns fóruns da internet, como o do Reddit, o uso da solução da OpenAI já divide opiniões. 

Alguns usuários, por exemplo, ironizaram a solução, chamando a empresa de “CloseAI“, em tom de frustração com o nível de abertura real da tecnologia. Outro usuário também destacou que, embora o projeto seja open-source, a OpenAI limita o controle e a autonomia do desenvolvedor.

Por outro lado, usuários com experiência em desenvolvimento destacaram o potencial do SDK para criação de fluxos complexos e customizáveis, com destaque para os guardrails (proteções que limitam comportamentos indesejados, tais como respostas incorretas ou perigosas, e saia do escopo da tarefa designada, entre outras) e o sistema de handoffs (Capacidade do sistema de IA transferir uma conversa ou tarefa para outro agente (ou humano) quando percebe que não tem as informações necessárias ou ainda um agente especializado pode ajudar).

Além disso, há pessoas que já discutem a relação com os fornecedores de tecnologia – e até mesmo o preço. Como as empresas vão reagir?

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